quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Justificável

Julgar alguém é como ignorar seus motivos, é tornar-se indiferente ao drama que esse alguém viveu antes de tomar certa atitude.

Julgar alguém é como “inventar” mentirinhas.

Acontece que a gente tem mania de pensar que as pessoas são o que elas dizem ser. E é claro que elas não são.

Pois eu julgo quem julga.

Julgo quem não conhece o ser humano o suficiente para entender seus motivos.

Odeio quem julga fumante, quem julga careta, quem julga negro, quem julga branco, quem julga pobre ou rico, metido ou humilde, engraçado ou tímido, hetero ou homossexual, ladrão ou santo, feio ou bonito, quietinho ou porra-louca, religioso ou ateu.

Odeio quem julga quem vende o corpo na esquina ou a menina que quer casar virgem.

O roubo é justificável. O cara mora em um barraco 4x4, dorme praticamente no cimento, come pouco porque é o que tem, caminha por vielas de cocaína todo dia, tem cheiro de garapa estragada e vibra quando tem churrasco de colchão duro 1 vez por ano. Aí, ele sai pra dar um rolê, passeia pela vizinhança, depois sai da sua favela, encontra um lugar bonito, cheio de árvores e de passarinhos. Aí, ele avista, na sua frente, um homem correndo que parece ter sua idade, tem os cabelos cuidados, uma camiseta de marca, um ipod no ouvido, um medidor de batimentos cardíacos no braço e um celular que só falta virar do avesso dentro do bolso. Ele repara no seu pé, vê um calçado bem mais louco que seu chinelo gasto e lembra da propaganda que tinha visto na TV no dia anterior: “JUST DO IT”.

São motivos o suficiente.

Me esforço pra não odiar quem julga porque já estaria julgando e ignorando seus motivos.

Muitas vezes somos preconceituosos, mas eu ainda sou a favor dos Conceituosos.

Um comentário:

ATA! disse...

Oi, gostei muito do que escreve. Neste texto, o que você quer dizer com "Muitas vezes somos preconceituosos, mas eu ainda sou a favor dos Conceituosos."?