segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Fraco e sado

Tem dias que o dia vem e te carrega e descarrega tudo. Te leva da sua mãe e de quem parecia te trazer toda segurança do mundo. Te leva pra outro lugar, e agora, já não está tão confortável como devia ser.
As vezes, a gente não gosta de estar onde se está.
A gente fica tentando justificar os atos das pessoas pra sentir menos dor. É um mecanismo instantâneo que sara, por poucos segundos, aquilo que impregna.
Mas existem pensamentos mais poderosos do que a razão pura e simples. O orgulho e a auto-estima feridos e misturados emergem toda a dor que antes estava sendo empurrada para dentro. E, automaticamente, você perde aquele pouco de razão e se torna apenas uma criança assustada.
Alguns foram condicionados a não suportar o espinho das flores.
Eu, alem disso, prefiro rasgar os dedos e as mãos com seus espinhos. Se você aperta, forte, pra doer, e solta depois, o alivio é delicioso.
É como cutucar a ferida e deixar seu corpo sentir a dor crua. Então, você pára de mexer e aquele incômodo vai embora por segundos.
Assistir, de peito aberto, sua auto-destruição é uma das coisas mais nobres e comoventes que o ser humano pode vivenciar.
O fato de se aceitar fraco já impregnou no fraco. E é lindo. E o faz bravo.
Tente outra vez se procurar de madrugada. Tente inventar que se está acordado. É válido quando se quer fazer o que se quer.
Já o que se espera são outros quinhentos. São quase outros mil.
É bobagem se imaginar diferente, menos afortunado de fé.
Esta última mata e vive a gente. E nos faz ficar.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Renuncie o Olimpo

O que corrói é o sentimento de inferioridade.
Pior ainda é a sua valorização. Pura, simples e misturada.
Admitir é um exercício de solavanco. Comprime-te o máximo que consegue e depois solta sem nem dar créditos de alívio.
É ignorância aceitar a vitória, já que ela é tão submissa assim. Aparece depressa, te dá “pezinho” e você voa uns 9 metros acima. No auge. Novo de novo.
Aí, arranca suas calças lá no alto e, como um guindaste gravitacional, te joga, com força de uma catapulta, 10 metros abaixo do chão.
Mais esperto seria sublimar na derrota baixa e humilhante e, depois, admitir o quão baixo foi sem mérito de nenhum metro de subida. O tombo debaixo pra baixo é incrivelmente aconchegante.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Entretenimento

Entreter é roçar levemente
Feito preencher a gota que falta, o tédio que escapa.
Feito saudar uma saudade de mãe

As próximas eternas paradas têm fome de Batalha.
Prefira suprimentos que sustentem realmente
Suspenda uma tevê nos ombros e segure um radinho de pilha na mão.
Mais pilhas no bolso, mais entorpecentes no outro.

Pra toda gente, um pouco de dança e coragem.
Pra gente, uma satisfatória loucura saudável.


Entreter é ser intrometido
Feito roubar o tempo e transformar em passa-tempo
Feito passar uma saudade de mãe.


Eu quero tevê, rádio de pilha e entorpecentes.
Eu quero ser como quem não sente.
Eu quero ler, beber e comer.
Eu quero fingir que sei e saber.